Ao (co) irmão, com carinho.
Nasci em 1923, pareço ser velho, mas sou filho caçula. Tenho um irmão um pouquinho mais velho, mas sempre sentiu ciúmes porque o mais novo sempre teve mais atenção.
Um ano depois de meu nascimento, já diziam que eu era prodígio, ganhei meu primeiro título estadual. Os anos foram passando, e fui tomando conta de meu território, de meus arredores. Minha antiga casa foi palco dos maiores espetáculos do futebol estadual, casa folclórica, épica.
Meu querido irmão sempre se contentou em viver à minha sombra, sempre foi um bom garoto. Assitiu de camarote o caçula da família se consagrar como Campeão do Século viu o trem pagador da década de 90, viu seu irmão mais novo ser o primeiro clube da cidade a conquistar um título de âmbito nacional.
Eu te consolei caríssimo irmão. Eu te consolei quando a falência bateu em sua porta, onde os bingos no estádio ajudaram a arrecadar fundos. Eu te consolei quando não conseguistes passar pelo São Raimundo, e se juntar a mim na Série B do campeonato Brasileiro.
Eis que o mundo dá voltas… Adoeci, entrei em coma, e você tentou assumir os negócios da família. Bastante desengonçado, até que levou jeito, mas nunca se comparou ao maninho aqui. Mesmo em coma, a torcida pela minha recuperação era grande, até desacordado eu ouvia os gritos de uma nação clamando pelo meu retorno.
Agora, 10 anos depois, eu acordei. Estou de volta, e é pra valer. Agradeço por ter assumido meus negócios por todo este tempo, mas você sabe que era o MEU negócio. Pois o seu sempre foi permanecer em minhas sombras. E é isto que já começou a acontecer novamente.
Voltei ao meu território, aos meus arredores… Agora as coisas podem voltar ao normal.
Grande abraço do irmão caçula, que mesmo mais novo, sempre foi o maior.
Avaí FC
Autor: Túlio Flávio de Carvalho.